terça-feira, 14 de junho de 2011

Minha ótica em foco



Psicanálise
O curioso caso de Anna O. 

A história de Ana O. contada pela professora Luciana em sala, despertou em mim uma  grande curiosidade, e por este motivo resolvi pesquisar sobre a história de Ana, titulada assim por Josef Breuer, para os meus colegas que não ouviram o final da história e também ficaram curiosos desejo uma boa leitura.


  O médico Josef Breuer (1842-1925), que ganhou notoriedade com o estudo sobre a respiração e o funcionamento dos canais semicirculares do ouvido, ajudou o jovem Freud. O bem-sucedido e sofisticado Bruer aconselhava Freud, emprestava-lhe dinheiro e aparentemente o considerava como um irmão mais novo precoce. Para Freud, Breuer tinha a figura de um pai. Os dois muitas vezes discutiam a respeito dos pacientes de Breuer, inclusive da paciente de 21 anos, Anna O., cujo caso se tornou fundamental no desenvolvimento da psicanálise. Inteligente e atraente, Anna O. apresentava sintomas profundos de histeria, incluindo paralisia, perda de memória, deteriorização mental, náuseas e distúrbios visuais e orais. Os primeiros sintomas apareceram quando ele cuidava do pai, que sempre a mimara e estava morrendo. Dizem que ela nutria por ele uma espécie de paixão (Ellenberger, 1972, p. 274).

   Breuer começou o tratamento de Anna O. usando a hipnose. Ele pensava que, enquanto estivesse hipnotizada, ela se lembraria de experiências específicas que pudessem ter originado alguns dos sintomas. Ao falar sobe as experiências durante a hipnose, freqüentemente ele se sentia aliviada dos sintomas. Durante mais de um ano, Breuer atendia Anna O. diariamente. Ela relatava os incidentes perturbadores ocorridos durante o dia e, depois de falar, algumas vezes alegava sentir-se aliviada dos sintomas. Ela se referia as conversas como uma limpeza de chaminé ou o que chamou de cura da palavra. Conforme prosseguiam as sessões, Breuer percebia (assim ele disse a Freud) que os incidentes de que Anna O. se lembrava estavam relacionados com pensamentos ou eventos que ele repudiava. Revivendo as experiências perturbadoras durante a sessão de hipnose, os sintomas eram reduzidos ou eliminados.

   A esposa de Breuer começou a ficar com ciúmes da relação emocional muito próxima criada entre os dois. A jovem Anna O. exibia o que se tornou conhecida como *transferência positiva para Breuer. Em outras palavras, ela estava transferindo o amor que sentia pelo pai para o terapeuta. Essa transferência fora incentivada pela semelhança física entre o pai e Breuer. Além disso, talvez Breuer também estivesse nutrindo uma ligação emocional com a paciente. Um historiador observou: "os seus dotes joviais, o charmoso ar de desamparo e até mesmo o seu nome (...) despertaram em Breuer os desejos edipianos adormecidos que ele sentia pela própria mãe" (Gay, 1988, p. 68). Breuer acabou sentindo-se ameaçado com a situação e disse a Anna O. que não podia mais tratar dela. Dali a poucas horas, Anna O.  foi acometida de dores histéricas comparáveis às de um parto. Breuer acabou com essa condição usando a hipnose. Assim, reza a lenda que ele teria viajado com a esposa para Veneza em uma espécie de segunda lua-de-mel, durante a qual ela teria engravidado.
Análises posteriores dos registros históricos revelaram que Anna O. (cujo nome real era Bertha Pappenheim) não foi curada com os tratamentos catárticos de Breuer. Depois que ele deixou de vê-la, foi internada e passava horas diante da foto do pai, dizendo que ia visitar seu túmulo. Ela teve alucinações e convulsões, neuralgia facial e dificuldades recorrentes na fala e também se viciou em morfina; Breuer prescrevera a droga para aliviar a dor facial (Webster, 1995).

   Breuer disse a Freud que Bertha enlouquecera; acreditava que ela sofreria até morrer. Não se sabe bem ao certo como Bertha Pappenheim superou os problemas emocionais, mas ela acabou se tornando assistente social e feminista, apoiando a educação feminina. Publicou vários contos, escreveu uma peça sobre os direitos da mulher e acabou sendo homenageada com a criação de um selo postal alemão (Shepherd,1993). O relato de Breuer acerca do caso de Anna O. foi importante para o desenvolvimento da psicanálise por ter apresentado a Freud o método catártico, a chamada cura por meio da conversa, que mais tarde viria a figurar com destaque em seus trabalhos.
Dessa experiência Breuer concluiu que os sintomas neuróticos resultam de processos inconscientes e desaparecem quando esses processos se tornam conscientes. Chamou a esse processo Catarse. Breuer não quis continuar a prática terapêutica que havia descoberto nem publicou de imediato os resultados do tratamento de Bertha, porém ensinou seu método a Sigmund Freud. Quando Freud começou a usar o método de Breuer, ambos discutiam os casos dos pacientes de Freud, as técnicas e os resultados do tratamento. Em 1893 ambos publicaram em conjunto um artigo sobre o método desenvolvido, e dois anos depois fizeram o livro que marcou o início da teoria psicanalítica, Studien über Hysterie ("Estudos sobre a histeria"). Esse livro é geralmente considerado o marco inicial da psicanálise, mas valeu a Breuer muitas críticas que o magoaram, feitas pelos colegas no meio médico vienense. A parceria entre os dois analistas foi interrompida, devido a Breuer não aceitar o ponto de vista de Freud quanto a recordações infantis de sedução. Freud acreditava que as suas pacientes tinham sido realmente seduzidas quando crianças. Só mais tarde Freud reconheceu que Breuer estava certo ao contestar, quando dissera que essas memórias eram fantasias infantis. Os médicos chamados "Breuerianos," continuaram a utilizar as técnicas originais de catarse desenvolvidas por Breuer sem adotar as modificações introduzidas por Freud.
   *Transferência: processo pelo qual um paciente responde ao terapeuta como se ele fosse uma pessoa importante (como pai ou mãe) em sua vida.
Para aprofundar a leitura acesse o link abaixo


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